A palavra de ontem foi CAUDA, um termo que associamos imediatamente ao mundo animal, mas cuja história se estende até aos céus, descrevendo um dos fenómenos mais espetaculares do universo.

Uma Origem Direta

A palavra "cauda" tem uma das origens mais diretas que podemos encontrar: vem do latim cauda, que significava exatamente a mesma coisa — "cauda" ou "rabo". A sua simplicidade permitiu que viajasse quase inalterada através dos séculos até ao português moderno.

A Cauda que Anunciava a História

A grande viagem desta palavra aconteceu quando o Homem olhou para o céu. Os cometas, com o seu rasto brilhante, foram descritos como "estrelas com cauda". A palavra cometa, aliás, vem do grego komētēs (cabeludo), mas foi a imagem da "cauda" que se tornou universal para descrever o seu rasto.

Na Antiguidade e na Idade Média, a "cauda" de um cometa era vista como um presságio, anunciando eventos drásticos como a morte de reis ou o início de guerras. Um dos exemplos mais famosos é a aparição do Cometa Halley em 1066, que foi imortalizada na Tapeçaria de Bayeux. Para os ingleses, a sua cauda anunciava a desgraça; para Guilherme, o Conquistador, era um sinal de vitória na sua invasão de Inglaterra.

Detalhe da Tapeçaria de Bayeux mostrando o Cometa Halley e pessoas a apontar com temor.
O Cometa Halley na Tapeçaria de Bayeux (c. 1070). A inscrição em latim diz: "Eles temem a estrela".

Assim, a palavra "cauda" mostra-nos como usamos o mundo que conhecemos para descrever o mistério. O mesmo termo que descreve a parte de um animal serve para nomear o rasto de gelo e poeira de um corpo celeste que marcou a história da humanidade.