A palavra de ontem foi MOSSA, um pequeno defeito, uma marca numa superfície lisa que geralmente tentamos esconder. Mas a sua origem e certas filosofias ensinam-nos a olhar para estas imperfeições de uma forma totalmente nova.
A Marca da Mordida
A origem de "mossa" é surpreendentemente visceral. Vem do latim morsa, o particípio passado do verbo mordere, que significa "morder". Essencialmente, uma mossa é uma "mordida" ou a marca deixada por ela.
Esta ligação a um ato de força que deixa uma impressão duradoura explica perfeitamente o nosso uso da palavra para descrever uma concavidade numa superfície, seja numa peça de fruta, na lataria de um carro ou na madeira de um móvel antigo.
Kintsugi: A Arte de Honrar as Mossas
Enquanto a nossa cultura tende a ver a mossa como um dano a ser reparado e ocultado, a filosofia japonesa oferece uma perspetiva diferente através do Kintsugi (金継ぎ), a arte de reparar cerâmica partida com ouro.
No Kintsugi, as fendas, as falhas e as mossas não são escondidas. Pelo contrário, são realçadas com uma mistura de laca e pó de ouro, prata ou platina. A filosofia subjacente é que a história do objeto, incluindo os seus "acidentes", faz parte da sua beleza. A mossa não é uma vergonha, mas uma cicatriz dourada que conta uma história de resiliência e transformação.

Assim, a palavra "mossa" ensina-nos uma lição valiosa. O que começa como a marca de uma "mordida" pode ser visto não como um defeito, mas como um testemunho da jornada, uma prova de que as nossas imperfeições podem ser as nossas características mais belas.