A palavra de ontem foi TOPAR, um verbo comum que usamos para aceitar um desafio, encontrar um amigo ou esbarrar em algo. A sua raiz, no entanto, é mais física e a sua história leva-nos a uma das descobertas mais importantes do mundo.
Do Cume ao Encontro
"Topar" tem uma origem incerta, mas crê-se que venha de uma raiz pré-romana ou germânica, como *topp, que significava "cume" ou "topo". A ideia original era a de bater com a cabeça, o ponto mais alto do corpo, em algo.
Desse choque físico, o significado evoluiu. Passou a descrever qualquer encontro súbito ou colisão ("topar com um obstáculo"), depois um encontro casual ("topei com ele na rua") e, finalmente, chegou ao sentido figurado de aceitar ou concordar com algo ("eu topo a ideia"), como se a nossa mente "encontrasse" e se alinhasse com a proposta.
Topar com a Chave de um Império
Poucos "encontros" na história foram tão fortuitos e monumentais como o que os soldados de Napoleão Bonaparte tiveram no Egito, em 1799. Durante trabalhos de fortificação perto da cidade de Roseta, uma equipa de soldados literalmente topou com uma laje de granito escuro, semi-enterrada na areia.
Aquela não era uma pedra qualquer. Era a Pedra de Roseta. Nela, estava inscrito o mesmo decreto em três escritas diferentes: hieróglifos egípcios, demótico e grego antigo. Como o grego era conhecido, a pedra tornou-se a chave que permitiu a Jean-François Champollion decifrar os hieróglifos, abrindo uma janela para 3000 anos de história egípcia que estava perdida.
Assim, "topar" carrega em si a magia do acaso. É o verbo que descreve a descoberta inesperada que pode mudar o curso da história, provando que, por vezes, a coisa mais importante que podemos fazer é estar atentos àquilo com que tropeçamos pelo caminho.