A palavra de ontem foi BANDO. Usamo-la para descrever um grupo de pássaros, um conjunto de amigos ou uma fação de malfeitores. A sua origem, porém, não está no grupo em si, mas no símbolo que o une: a bandeira.
O Sinal que Agrupa
"Bando" deriva do gótico bandwō, que significava "sinal" ou "bandeira". Uma bandeira era um sinal visual em torno do qual as pessoas com uma causa, líder ou identidade comuns se reuniam. Assim, o "bando" era, na sua essência, o conjunto de pessoas que seguiam a mesma bandeira.
Esta raiz germânica deu origem a um leque de palavras interligadas. A bandeira é o objeto físico. O bando é o grupo que a segue. E um "bando" (no sentido arcaico de édito ou proclamação) era uma ordem emitida sob a autoridade de um soberano — a autoridade simbolizada pela sua bandeira. Daí vêm palavras como banir (expulsar por decreto) e contrabando (agir contra o decreto).
Os Bandos em Batalha na Arte
Em nenhum outro contexto a ideia de "bandos" sob "bandeiras" é mais visível do que na guerra medieval e renascentista. Os exércitos não eram uniformes; eram uma amálgama de diferentes bandos, cada um leal a um senhor e à sua respetiva bandeira.
O pintor renascentista Paolo Uccello capturou esta realidade de forma magistral na sua série de painéis "A Batalha de San Romano". A obra retrata o confronto entre as tropas de Florença e Siena, não como um exército contra o outro, mas como um caos de cavaleiros, lanças e estandartes. A pintura é um testemunho visual de como a identidade de cada fação, de cada bando, era afirmada orgulhosamente através das suas cores e símbolos.

Deste modo, a palavra "bando" recorda-nos que todo o grupo, seja de aves ou de guerreiros, se define por um elo comum. Começou com um sinal visível, uma bandeira ao vento, e hoje descreve as complexas teias de lealdade e conflito que continuam a moldar o nosso mundo.